"

Filosofia: Conjunto das reflexões particulares que buscam entender a realidade, a partir da razão. Reunião das regras ou princípios básicos que norteiam a vida prática.

Deste modo, consiste na reflexão acerca dos acontecimentos que nos circundam, de maneira a buscar alcançar a gênese que embasa os nossos saberes que, por fim, norteia a nossa percepção, análise e julgamentos das situações ao nosso redor. Essa busca pela essência das coisas é o que torna a filosofia um ramo com cada vez mais adeptos independente das suas crenças ou convicções.

A busca pelo fenômeno, destituída da análise oriunda do sujeito, é a busca essencial do filósofo, já que, é sabido, os conceitos pelos quais somos forjados durante a vida, se revelam como filtros perceptuais que distorcem a realidade em favor da ótica construída pelo observador. Por isso, hoje, diz-se ‚""a verdade de cada um‚""... Isso porque, além da realidade que se apresenta, o que é concebido e discutido é nada mais do que a percepção do sujeito sob o fenômeno.

Como ‚""filtros‚"" perceptuais, podemos elencar a mente (crenças regras e valores); a cultura (valores morais e éticos); o ânimo (disposição química do indivíduo); o emocional; a psiquê (inconsciente, inconsciente coletivo, pensamento, sentimento, sensações).

Hoje, a sociedade é adaptada a padrões de consumo, de conceitos e de significados, de estruturas sociais e interesses. Pergunte a uma pessoa, por exemplo, o significado da palavra amor, ou da palavra felicidade. Certamente, você se deparará com respostas que se relacionam, respectivamente, com paixão e alegria.

Isso porque, pouco se discute sobre princípios e sim, diferentemente disso, discute-se sobre a concepção ou ideia originada, de um princípio que é completamente ignorado na discussão.

Exatamente por esse desconhecimento, criam-se discussões infundadas, norteadas pelos filtros perceptuais ‚é como supracitado -, em lugar da discussão filosófica pautada no reconhecimento e alinhamento dos princípios norteadores. Pense por exemplo, quando, ao ir a algum lugar, você coloca um destino em seu GPS. A definição da sua origem é primordial (rua, bairro, cidade) já que pode haver várias ruas com o mesmo nome em diferentes regiões. Da mesma maneira se fará o destino, na medida em que a precisão de origem e destino devem estar determinadas em prol de que os caminhos possíveis lhe seja apresentado.

Assim se dá a ‚""pergunta da pesquisa‚"" seguida das hipóteses. Deste modo, penso que a melhor forma de compreender o esforço dos filósofos é compreender a pergunta filosófica. Pois, inclusive nas ciências, a pesquisa se inicia, geralmente, com um questionamento que, por sua vez, guiará a metodologia pela qual se quer garantir que o conhecimento seja alcançado.

No diálogo Platônico de Laques, Sócrates solicita ao renomado general que dá nome ao diálogo que defina a coragem, e, como ocorre em outros diálogos, o interlocutor tentará exemplificar o que seria a coragem sendo rebatido em todas as tentativas por novas e embaraçosas perguntas.

Sócrates demonstra que a pergunta não pode ser respondida com o exemplo de uma ação corajosa qualquer, mas, diz ele, ‚""Diga-me o que, estando em tudo isso, é o mesmo‚"". Dito de outra maneira, para o filósofo, somente o que nunca muda é passível de ciência, ultrapassando, por sua vez, a multiplicidade de particulares [1].

E é exatamente este o ponto de estudo da filosofia. A filosofia, não somente incentiva-nos, como também nos capacita a explorar o ‚""quadro geral que está por trás das particularidades da situação‚"" [2].

REFERÊNCIAS

[1] Roberto Bolzani Filho, texto de introdução de A República de Platão, Editora Martins Fontes, 2014.

[2] Blackburn, Simon (1999), Think: A compelling Introduction to Philosophy. Oxford

"