Eu te convido a um novo olhar.

Como a letra da música, eu te convido a um novo olhar.

 Um olhar que veja a lua refletida numa poça d'água, num lago, rio ou no mar. No céu ela é gelada. Na terra ela faz milagre. Transmuta.

EU te convido a um novo olhar.  Abrir uma fruta: Maracujá, mamão ou qualquer outra do seu gosto e apreciar vagarosamente a generosidade da natureza. Quantas sementes de multiplicação estão postas na fruta?  Alguém plantou, cuidou, colheu… quanto de beleza existe neste compartilhar?

Olhar para uma árvore demoradamente e entender como ela se mantém de pé, sem pedir quase nada, a não ser ar, água, terra e sol?   Refletir o quanto as suas raízes podem ter de inteligência para sobreviver. Uma inteligência que desconhecemos.

Eu te convido a um novo olhar para o irmão que veio habitar, sabe-se lá por que, o mesmo planeta, e hoje ainda não se alimentou. Esqueçamos a meritocracia. É uma palavra inventada para encobrir um antigo recente olhar.  Uma venda para encobrir o capitalismo selvagem.  Quem nasce passando fome está a anos-luz atrás de quem tem mesa farta.

 Propor-se a fazer jejum de um dia, sabendo que na geladeira há comida. Vai aí um exercício difícil, mas bem diferente., da fome de não se alimentar porque nada há na prateleira.

Eu te convido a um novo olhar para as moradas indignas que incendeiam com facilidade. Inundam com facilidade e não existem enquanto endereços, sequer tem CEP, aliás para que um CEP não é?

Não rogo por dor. Todos a carregamos de alguma forma, por alguma razão.  Convido para um novo olhar: de compaixão, de empatia, de amor, pois quem sabe assim seremos convidados a um novo tempo.

Sim, eu quero acreditar num Deus que dance, como fala Nietzsche. Pois posto que estamos diante do paradoxo da Inteligência artificial e da big data, nos tornando quase robôs, restará a profundeza humana: o divino que nos habita. O Deus que dança em cada um, nos banhando de luz e alegria.

Um olhar onde banharemos nossos corações brandos e igualitários, com a luz da lua refletida em rios e mares limpos, sem poluição, podendo dialogar na linguagem da poesia.

Maria Luiza Kuhn/2023