A vida é um intervalo entre duas eternidades!

 Frase atribuída à Santa Tereza!

No intenso momento que passamos, brigamos ferozmente por pontos de vista e muitas vezes nem entendemos muito bem quais são os pêndulos que nos guiam o olhar.

Como se vivêssemos uma era de zumbis a caminhar sem rumo algum.  Pergunto-me o que nos tornamos como raça humana?  

Para muitos, parece que a polaridade se tornou um propósito de vida. Escolhendo um lado da dualidade, o qual possa fazer melhor eco no próprio ponto de vista, se torna um olhar único para a vista de um ponto entre o bem e o mal. 

A escolha dual tem solo fértil no espaço sem governança para manifestação. Falamos das redes, adquirindo voz e vez e um propósito que justifique a sobrevivência com a causa escolhida.

O enorme ecossistema da mentira, ou do autoengano, aquilo que a tradição tolteca chama de “fazer magia negra com a palavra” se torna robusta e, como um monstro, espalha tentáculos sobre grande parte do planeta.  Tristemente, embaixo do monstro, invisíveis, muitos seguem morrendo de fome e de frio. Escravizados, usurpados, estrupadas, violentados e assassinadas.

Nós, fazendo parte deste corpúsculo monstruoso, nos tornamos cegos para a maioria das mazelas reais da vida. Manipulados ou não, mal-informados, donos da verdade que escolhemos para chamar de nossa.

No inconsciente coletivo, cunhado por Carl Jung, forma-se como que um peso de chumbo, uma carga de energias negativas e perdemos o rumo das vidas pessoais, das alegrias, dos encontros, da poesia, da grande oportunidade que nos trouxe verdadeiramente a este intervalo chamado VIDA.

Refleti, qual atitude poderia se tornar eficaz para furar a bolha que incha a cada dia, insuflada por ambos os lados da dualidade. 

Ouso iluminar o verbo esperançar, me socorrendo de AÍLTON KRENAK acreditando: “O tipo de humanidade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer, tanta fruição de vida. Então, pregam o fim do mundo como uma possibilidade de fazer a gente desistir dos nossos próprios sonhos. E minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história. Se pudermos fazer isso, estaremos adiando o fim.”

Acredito que a literatura sempre nos permite mais uma história e com ela a construção de novos sonhos.

MARIA LUIZA KUHN

2022/2025

imagem: acervo pessoal.