Realidade
Heterônimo - Celtinha da Kebrada

Pega a visão!
A minha casa é o mundo;
As praças minha varanda;
O meu quarto, uma árvore,
Poderosa, com boa sombra,
Na qual, possa eu descansar,
Deste calor causticante.

Papelões, é o meu colchão.
Acordo, todos os dias, com o cantar
Dos pássaros no raiar do sol.
Começa o dia com ar sorridente.
Meu banheiro não tem chuveiro;

São nas fontes, que me banho,
Refrescando-me a alma e o espírito.
A noite me conecto pela Internet,
Através, das miríades de estrelas,
A lua é o modem que faz o tráfego,
Ligando-me ao mundo, pelas constelações.

As estrelas, fitam e observam-me,
Com profunda atenção e brilho.
Sou visível para o Universo e sua expansão;
No caso, aqui, sou invisível aos olhos,
De todos, que pulam ou cruzam por mim, Pela cama, na calçada fria sem compaixão.

Falar que estou em situação de rua?
- É uma covardia para vós dormires -
Com a consciência tranquila, segundo,
As vossas omissões.

Grupos religiosos, fazem o mesmo (...)
Nos trazendo o pão e a água.
Mas, por que, não nos oferecem,
Um emprego que nos traz dignidade;
Barriga cheia, não traz reputação.

Fiquei desempregado, seria uma situação,
Se fora por um momento, ou, tempo.
Mas, estamos aqui, para vocês,
Dormirem em paz, com suas mazelas,
Pensando: - eu sou um cidadão do bem!

Celtinha da Kebrada - 09/12/23
(Alexandre Hipólito Marques)

Acadêmico Imortal ALBSP
Dr. Honoris Causa
Poema: Realidade
Arte: Pinterest ( Cargil Bozbeyoglu)
País: Brasil
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