pexels alejandra montenegro 14763051


Existe um teto de vidro. Algumas mulheres o cultivam, talvez como instrumento de proteção. Algumas organizações blindam. É uma dicotomia, mas muitas mulheres cansam e se propõem o desconstruir.
Ouço Domenico De Masi, numa palestra recente, revendo seus conceitos sempre atuais sobre Ócio Criativo e por tanto ouvir mais do mesmo, percebo que acabamos nos acostumando. (lembram de Marina Colasanti, A gente se acostuma, mas não devia). Para o sociólogo, “em 2030, as mulheres viverão em média três anos a mais que os homens. 60% dos estudantes universitários, 60% dos graduados e 60% dos titulares de mestrado serão mulheres“, segundo estatísticas.” Pois bem…
Mulheres devem perceber o mesmo quantum que os homens quando ocupam igual posição. Matemático e lógico. Sabemos, entretanto, que existem outras formas bem mais sutis de diferenciar os ganhos. Chamam-se promoções. Chamam-se oportunidades, e, outras nominações. Agora chegamos ao etarismo que também vem se mostrar discricionário, e, já falo sobre ele. Quando fui executiva de um grande banco, tendo as mesmas habilitações, e, considerando que havia sim, um rígido contexto de plano de carreira com indicadores reais, as melhores e mais gratificantes promoções (em condições de igualdade) aconteciam com o masculino. Notório. Sabia-se onde normalmente ocorriam as discussões. Em fóruns onde mulheres não participavam, principalmente as chamadas “noitadas”.
A situação parece ser tão surreal que é preciso existir uma lei (sancionada dia 03 de julho de 2023) que obriga a empresa ou organização a praticar a tal igualdade salarial entre homens e mulheres que ocupam cargos/atividades semelhantes; sim, isto já não estava na CLT? Nos permitirá mais fiscalização ou mais segregação?
Juntando esta salada, reflito seriamente sobre a possibilidade de voltar ao mundo corporativo, do qual me afastei há algum tempo. Agora, quem sabe de uma forma diferente. Por que não?
Chegamos ao etarismo. É um preconceito de idade, não só com os mais experientes, mas também com os mais jovens. Percebo, entretanto, que algumas organizações se voltam à experiência dos cabelos grisalhos. Eis uma possibilidade feminina também! Será?
As mulheres, que fique bem claro como penso, precisam trazer ao mundo corporativo seus grandes diferenciais: flexibilidade, intuição, emotividade e senso estético, sem apresentar um separatismo do masculino que inverteria a hierarquia e não traria a buscada diversidade que tanto soma à sociedade. O lógico, a força bruta, o racional facilmente são, cada vez mais, realizados pela inteligência artificial e robotizada.
Como reflexão pessoal me pergunto: Que faço eu para emprestar minha pegada neste momento ao mundo organizacional que clama pelo feminino responsável e maduro?
Respeito pelo etarismo, velhice não.
Teto de vidro só para apreciar estrelas em noites de muito amor!

 

by  MLK 2023