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 O nome dela é Juliana. Mas há também a Maria, a Joana, a Lúcia e outras tantas.

Causa crime: Ser mulher.  Sentença: direito à eliminação. Carrasco: o Macho

Desferida a primeira agressão, com urgência vieram a segunda, a terceira, a quarta e o respiro para seguir até chegar a 61ª.

Desfigurar a existência. O olho, o semblante. Apagar para sempre o sorriso. Quebrar os dentes para perpetuar a dor física. Negar o alimento ao corpo e à vida. Calar a boca. Guardar os beijos e a paixão para sempre no fundo de um baú e jogar a chave no abismo.

Tatuar na alma da mulher o pseudo poder de humilhar sua “propriedade”.

O nome do agressor é Igor. Mas também se chama Paulo, Ademar, Leonardo e outros tantos.

Juliana agredida dentro do elevador. Sessenta e um socos no rosto. Ossos moídos, dor, dor!

Nos fundões do Brasil, na periferia, onde não há elevador e nem câmeras, quantos socos são desferidos?

Marias agredidas na cama, no sofá, na sala, no banheiro. No sagrado ambiente do lar.

O templo onde deve ser aceito apenas a compreensão e a solidariedade. O amor e o respeito.

Maria da Penha levou um tiro do companheiro. Torturada por 23 anos. Ficou paraplégica e lutou pela penalização tipificada do crime.  Contudo, há machões vociferando que a dita Lei causou o aumento exponencial do crime de FEMINICÍDIO. Registro no mínimo grotesco e insano para a barbárie.

Nos hospitais, as estatísticas comprovam que em muitos lugares, mais de 50% dos atendimentos de mulheres, com lesões no rosto, resultam de agressões de companheiros, namorados, maridos.

Juliana neste momento está abraçada a todas as dores. Físicas e psicológicas. Não há como avaliá-las.

Como mulheres, abraçamos a dor feminina que assola nossa humanidade, como quem grita por socorro e como quem lambe as feridas das vítimas.

Mulheres; somos geradoras do fogo da vida, não deixemos a chama se apagar.

Maria Luiza Kuhn

 01 de agosto de 2025.

 

Imagem: IA