primeiro beijo

Sobre o primeiro beijo.

 

A gente nunca esquece. É verdade?

Dizem que sim. Eu nunca esqueci. Há quem conte como foi, há que nem sob tortura contará.

A questão que me fez pensar é: por que não esquecemos o primeiro beijo? Não que tenha sido o mais gostoso (se podemos atribuir escala é beijos), nem o trocamos com a pessoa mais marcante em nossa vida, na maioria das vezes, mas está carimbado como tatuagem na lembrança. A provocação sobre o assunto foi de um amigo. Ele não conta. Eu conto: Devia ter por volta de 14 anos, quando tivemos permissão de ir a festinhas de garagens (na época) com colegas de aula. Dancinha vai, dancinha vem e ao final do evento, retornando, alguns rapazes acompanhavam as moças até suas casas (vejam como é antigo isso).

Numa dessas meu acompanhante tascou um beijo e eu bem que gostei, aliás tudo o que eu queria saber naquela etapa, era como seria a sensação de beijar, até então virgem de beijos. Foram um ou dois, não lembro direito. Lembro que me despedi e corri para dentro de casa. Direto para frente do espelho para ver qual o efeito físico do beijo, examina o lábio, examina a face.... aparentemente tudo igual. Não sei bem o que esperava, mas nada denunciava que eu já havia debutado na arte de beijar. Confesso que fiquei um pouco decepcionada naquele dia.

Revisitando a cena nas páginas das minhas memórias percebo que, não no físico, mas nas lembranças que o tempo coleciona é que fez diferença. Por quê? Sigo não entendendo muito bem.

Hoje e sempre o beijo continua sendo muito bem-vindo.

A intimidade mora no sopro da vida trocado no beijo.

 

By MLK janeiro de 2021