Em meus textos eu permito que conheçam meu lado poético, lúdico, empírico...

Minhas poesias falam do que é atemporal, universal, eterno...

Em tudo que escrevo existe uma experiência particular contada com enigmas, rodeios e floreios.

Poucos sabem do meu sotaque carioca brabo, da minha risada arrastada, meio espalhada e alongada. Do meu choro nada contido. É que eu nunca contei, mas eu gosto de chorar. Acho legal os olhos expressarem o que o meu coração não pode mostrar. Uma arma de prestígio nesse mundo rígido. Poucos sabem.

Quase ninguém sabe que minha proporção de saberes é muito pequena perto do que desconheço e que o conhecimento disso não me apequena, pelo contrário, eu me engrandeço com a consciência do não saber, mas olha, eu sinto e eu sinto muito.

Quase ninguém sabe, mas sentir é a minha forma de saber sem compreender com a mente racional.

Vocês não sabem, mas eu não sei ler números romanos, me confundo com as palavras, sou desconfiada, dou aquela procrastinada mas quando decido, sou obstinada. É que minha alma foi lavada.

Quase ninguém sabe que eu sou bem engraçada. Eu também falo com as mãos, o tanto quanto eu falo com a boca. Minha mente é muito ativa, por vezes aflita e isso me irrita. Poucos sabem...

Nunca contei que eu tinha dificuldade em dizer não. Eu tinha... Queria ser aceita. Hoje só preciso me aceitar. Isso é até mais difícil e realmente necessário.

Hoje eu pouco me importo com a opinião de quem desconhece o caminho que percorri e eu me importo muito com tudo aquilo que posso aperfeiçoar em mim. Não preciso de platéia, embora seja exibida. Quase ninguém sabe.

Nunca contei o tanto que eu gosto de tempero e que eu amo cozinhar. É que eu amo criar. Também nunca contei que sou insegura, mas que a natureza é a minha cura e a arte é a redenção.Também não sabem que o meu humor varia de extrema amabilidade e empatia para a fúria de um leão.

É que eu sou mel e fel. Poucos sabem.Sou flor e fera e me equilibro numa corda bamba nessa multipersonalidade. São várias de mim.

Eu sou, mas eu amo estar e eu torço por ela, essa que eu estou. Poucos sabem. 

Obs: Era pra ser uma carta sincera, mas não tenho coragem de falar aquilo que não contei a ninguém, mas que todas as estrelas sabem. Nunca contei, mas elas sabem. Fabi Freire