O mar agitado, ventos de sudoeste, chuva forte, maré alta. É a soberba do caos.
Tudo em volta está cinza e eu tô lá, um pontinho azul no meio do mar.
Meu barquinho é bem pequenininho, só me resta remar.
Eu olho para o céu em busca de conforto e cai muita, muita água.
Estou encharcada e lugares que eu nem mexia mais no barquinho são revirados pelo sobe desce dessas ondas.
Entretanto, algo em mim tem uma força descomunal, eu me ajeito no barquinho e remo tão forte quanto a minha fé.
Existe uma altivez na minha persistência. Eu quero mostrar quem Eu sou na essência.
E o mar? Revolto, mas acha graça da minha coragem e da minha petulância em tentar controlar a direção do barquinho.
E como quem diz, aqui quem manda sou eu, me leva para onde ele quiser. Então eu me entrego, o que me resta é segurar bem forte e fechar meus olhos.
Eu escuto um assovio e seu sopro a cortar. Estou banhada pela chuva e pelo mar. Fui batizada em meio ao caos.
Eu encontro o silêncio. Ele faz tanto barulho. Um silêncio composto por todos os sons. E o que outrora era cinza aqui dentro tem todas as cores.
Não há mais temor, acabaram-se as queixas. Eu me tornei a própria tempestade.
Pode até fazer frio, pode até balançar, mais firme eu ei de ficar. Minha missão vai além mar.
Meu barco é pequeno, mas eu sou coração valente.
Fabi Freire