Cigana do oriente

Em sua vida quantas vezes se permitiu? Quantos sorrisos deu e quanto amor ofereceu?

Você já serviu de colo a um amigo? Você foi abrigo? Quantas vezes observou um pássaro voar, alguma vez imitou ele cantar?

Já pulou onda até o Sol raiar? Viu Lua cheia no mar? Já parou pra dançar simplesmente por ser e estar?

Já contou estrelas no céu até o cair do véu? Já imaginou descer um arco-íris e cair no infinito? Percebeu o quanto um olhar sincero é bonito?

Quantas vezes estendeu sua mão e entregou seu coração? Já levantou antes do Sol pra ver ele nascer? Ah! E o entardecer já viu acontecer?

Parou para escutar o barulho que o silêncio possui e o que ele quieto lhe intui?

Já ouviu seu próprio coração? Escutou alguém em completa doação? Amou incondicionalmente e ficou feliz por ter feito uma criança sorrir alegremente?

Você cultiva a esperança? O seu coração é puro como de uma criança? Quantas sementes plantou? Frutos colheu? Algo aprendeu? Se arrependeu? Quantas vezes a sua fé moveu?

Quais são as suas façanhas? E como andam suas paixões, aquelas que vibram em suas entranhas?

Quantos sorrisos e olhares sinceros, quanto afeto e ternura, quanta compaixão e doçura, quanta arte e cura conseguiu deixar aqui nesse mundão de meu Deus até hoje?

O seu maior dom é a capacidade de amar do tamanho do universo e eu tento fazer caber em versos sobre o motivo de estarmos aqui sendo eternos.

Do que é feita a matéria do homem? Não é do que ele consome.

Não é sorte. És tu e as escolhas que você faz enquanto caminha.

Fabi Freire