Eu esperei não ouvir, não pensar, não falar. Eu quis fugir de todo esse barulho que há em mim. Não consegui.

Esperei que um dia toda a tormenta que eu estou se transforma-se em brisa leve. Esperei pela calma que minha ansiedade em viver não possui.

Eu esperei pela mansidão. Esperei que que todo esse furor interno que ser um humano me permite sentir me revelasse a sua face. Esperei muito por sinal.

Esperei sem conseguir me calar, eu vi você se afastar cada vez mais. Eu me debati, eu resisti, eu perdi, eu me rendi. Eu queria dizer que eu sinto a sua falta.

Desde que voltei a ocupar um corpo, você se tornou uma lembrança dos tempos da unidade, eu sinto saudades. Ser todo o sentimento sem racionalizar. Sentir sem falar. Ouvir sem julgar. Ser sem pensar. Que saudade.

Então eu resolvi observar aquela que não cala. A que reage incessantemente a todos os inputs internos e externos. Um exercício interessante. Eu me tornei a caçadora de mim.

Percebi que o mais próximo que cheguei da sua inteireza foi contemplando. Aprendi que o que me toca na alma me aproxima de ti. Uma música, um por do sol, uma borboleta, uma labareda.

Foi observando a divindade que eu percebi você chegar. Eu estava ali entregue e você veio. Foi tão ligeiro. O tempo entre o vazio de si e a sensação do estar. Você estava lá.

Reflexões de uma peregrinaEu sinto que a rapidez dos nossos encontros é um prenúncio para eu poder mergulhar de fato em seu poder. Um dia estarei diante de você. Não serei mais eu quem lhe escreve. Não terei nada a dizer e você não terá mais motivo para se afastar. Eu vou renascer em ti quando não mais houver nada a ouvir ou falar. Seremos um. Eu, você e o mistério. Fabi Freire