OS TEUS RISOS

(para-Nerudiando)

Roube-me tudo, se quiseres,

Leve-me o viver, mas

não me distraia de teus risos.

Não me tires a paixão,

a vontade que transcendes,

a luz que de brusco

mana em tua alegria,

a inesperada nuvem

de sonhos que em ti nasce.

 

Meus dias fazem-se enormes e regresso

quase sempre com os olhos

esfalfados de terem visto

o mundo que não se altera,

mas quando o teus risos me adentram

sobem ao céu é minha procura

e abrem-me todos

os portais da existência.

 

Minha amada, no momento

mais abstruso doa-me

os teus risos, e se de repente

perceberes meu sangrar manchando

as escadarias fronte a dor,

ri, pois teus risos serão em meus sonhares

quão cantar de anjos.

 

Junto ao mar no inverno,

os teus risos devem alçar

aquela cascata de espuma,

e num suave verão, amor,

desejo os teus risos qual

o vento morno que almejara,

as flores multicoloridas, a orquídea

de minha estufa mais prezada.

 

Ri-te da vida,

dos sonhos, da lida,

ri-te da rua

crateras da lua,

ri-te deste garoto

que louco te ama,

mas quando piscar

dos olhares cravelha,

quando os meus caminhos se forem,

quando os meus caminhos voltarem,

nega-me o pão, o ar,

a luz, a primavera,

mas os teus risos nunca

porque sem eles eu não seria.

 

L'(Max)