nada que se escreve

Nada que se escreve se deve.

Os pratos e taças sobre a mesa de jantar,

Nada acusam além da solidão de dois dias!

 

As juras de amor desbravadoras do início,

Sempre parecem mais corretas do que são.

Aquele amor inexato que corre as veias,

Não dura mais que os dias que se foram.

Tesão de viver a dois nada vale em um só,

Ostentando os segundos de um relógio antigo.

Amei e a mim valeu um verdadeiro sonho,

Navegar em letras de paixão apesar do sono.

Demências de não estar só nos dias frios,

Relutâncias de um acaso unicamente insólito.

Estive dopado por uns calafrios viscerais,

Por um triste naufrágio em meu cais.

Outra vez o destino implacável mostra-se,

Dono de todo o saber mesmo que acéfalo.

Entorpecido ainda com os dizeres mórbidos,

Com a alma inflamada pela descrença do ser.

Odiando meu próprio ódio de quase nada,

Resgato alfarrábios e cadernos antigos,

Rasgo as mesmas juras vivas muitas vezes.

Escuto aquela música antiga sem porque,

Relembro a lembrança de esquecer.

 

Nada que se escreve se deve.

Os sonhos e desejos de me encontrar,

Nada cursam além de minhas vidas vadias!