Entre as mais obscuras adegas,
Jaz aquela deleitosa rainha.
Fora deposta?
Fora esquecida?
Ou quiçá, fora apenas posta?
Olhei seu brilho em meio ao empoeiramento,
Na escuridão de tão fria e vasta alcova.
Prontamente fiz-me apaixonar,
De toda a sua história intentar.
Sonhei a época em que dançava ao sol,
Sorria incauta em orvalho sob a lua.
Amei-a por horas em segundos!
Aparei-a no colo e delicadamente
Removi todo o seu descaso...
Devolvi-lhe o antigo brilho...
Fiz abrir-se exalando tudo de sua alma...
Coloquei-a suavemente entre os lábios,
Trazendo é tona a sabedoria da introspecção.
Novamente, ameia por horas em segundos,
Observando seus segredos e sentindo sua paz.
Um gole!
E repete-se toda a egoísta ritualística.
Outro gole...
Ponho-me a descrever e desvendar,
Todos os mistérios de delírios.
Ela, nua...
Tomo-a toda!
Entorpecendo-me em tudo.
Por horas em segundos...
Ela se foi após muita persistência.
Resta-me o saudoso desejo,
De em minha língua seus nuances.
Amada...
Cabernet!