pazSilencio

 

Em meio ao barulho da multidão há paz,

Límpida e aconchegante de um olhar fugaz.

A noite enluarada trouxe a mim o paraíso,

Uma brisa ululante me devolveu o juízo.

Ouvi no vento um passado azul-infante,

Que sem piedade me mostrou o diante.

A paz do meu silêncio foi quebrada,

Agora é grito, é força e mais nada.

Assim ouvi o estatelar em uníssono,

Senti o doloroso despertar do sono.

E a alma renovou-se como um corte,

Cheguei buscar dos desejos a morte.

A paz do meu silêncio tornou-se o frio,

Sinto desgastar-me como pedras de rio.

A razão me mostra o solstício logo é frente,

E o final dessa tempestade negra e demente.

E no intenso, breve e claro, sol brilhar,

Farei a luz de o meu próprio dedilhar.

Aqueles sonhos que tornaste escuridão,

Nunca mais em teus amanheceres serão.

Despir-me-ei das inserções de minhas rugas,

Serei cuidadoso ao trepar com sanguessugas.

Para mim não serve mais paixões sem nexo,

Esse total e desvairado entregar-se por sexo.

Farei de minha vida um aprender constante,

Olharei para esse mundo por mais distante.

Claro! Meus sonhos são maiores que o mar,

Indubitavelmente irei descobrir o real amar.

Quanto ao eminente errar quando se flerta,

A dor é menor se for com a cabeça certa.

Reviverei de minha inerte angustia crua,

Terei o inicial sentido de uma alma nua.

Como doce poesia, desenharei novas trilhas,

Serei arrimo de todo amor em minhas filhas.

A paz do meu silêncio é latência dos meus dias,

É o tramitar das vontades açucaradas em alegrias.

Serei novamente o silêncio certo e conciso,

Manterei em minha face o sincero sorriso.

Enfim exaltarei o eu daquele olhar fugaz,

E assim na paz do meu silêncio, terá paz...

 

L`(Max) 16.08.08