A noite caia sobre o cais,
Com sua cálida brisa de verão.
O resplandecer da lua nos vitrais,
Chispou o peito acendeu sua emoção.
Os olhos azuis brilhavam,
O desejo lhe empurrava.
Lembrou do quando caminhavam,
E da maré que os molhava.
Saiu no impulso e bateu a porta,
Fitou que o vazio não mais contorna.
Sentiu o vento e a saudade morta,
Em segundos tocava a na areia morna.
Extasiada de fronte as ondas,
Vislumbrando o branco da espuma.
Gritou ás estrelas ‚- Não se escondas!
Correu para o mar sentindo a bruma.
Pensou; cá na água sou sereia,
Partirei tal qual Escuna.
Matarei o amor que me margeia,
Rogarei ao céu para que nos una.
Naquele lapso momentâneo,
Doou a vida e os seus planos.
Um arrepio subcutâneo,
Revelou os seus enganos.
A sordidez da arrebentação,
Levou-a de volta praia.
Cerrou os punhos, pôs-se ao chão,
Contorceu-se em agonia como lacraia.
Como a tez úmida de seu rosto,
O gosto salobro de sua boca esvaiu-se.
Fez-lhe triste e o oposto,
Nauseando como louca, despiu-se.
Nua como as conchas ao seu lado,
Insegura, pois do mundo se perdeu.
Em desespero proferiu um brado,
E inesperadamente percebeu.
A noite caia sobre o cais,
Com sua cálida brisa de verão.
O resplandecer da lua nos vitrais,
Acordou-lhe de um sonho em vão.