Exposição em São Paulo mostra pela primeira vez raridades da Biblioteca Ema Klabin

Como bibliófila, a empresária angariou mais de 30​0 livros raros, entre manuscritos, os chamados incunábulos (livros produzidos até 1500), edições aldinas, relatos de viajantes, primeiras edições, edições de luxo, agora expostos

 

A exposição temporária A palavra impressa, 1492-1671: Livros raros da Biblioteca Ema Klabin ocorre na casa museu Ema Klabin (Rua Portugal, 43 – Jardim Europa, São Paulo / SP) entre 15 de julho e 15 de outubro. Para a mostra, foram selecionados 20 volumes da coleção de Ema que correspondem aos dois primeiros séculos de produção do livro impresso, começando com dois livros de horas criados entre 1500 e 1509, sendo um manuscrito em latim e o outro já um livro impresso em francês, ambos em pergaminho.

A exposição terá ainda dois livros muito antigos sobre a história de Florença, por Leonardo Aretino e Poggio Bracciolini (1492), e as comédias do autor romano Terêncio (1499), com duas primeiras edições em grego impressas em Veneza por Aldo Manúcio, um dos primeiros mestres do design tipográfico: a História da Guerra do Peloponeso, de Tucídides (1502), e as obras completas de Platão (1513).

Os livros impressos também permitiram uma valorização das literaturas e consolidação das línguas vernáculas na Europa, como o visitante poderá verificar nas edições da Divina Comédia, de Dante Alighieri (1502), do Romance da Rosa (1529), de Guillaume de Lorris e Jean de Meun, dos Poemas Lusitanos (1598), de António Ferreira, e d’Os Lusíadas (1609), de Camões. Ao longo de sua vida, Ema Klabin reuniu uma biblioteca com mais de 3.500 volumes. Como bibliófila, adquiriu, a partir do final da década de 1940, mais de 300 livros raros, entre manuscritos, os chamados incunábulos (livros produzidos até 1500), edições aldinas, relatos de viajantes, primeiras edições, edições de luxo e livros ilustrados por artistas.

Também foram selecionados livros que teriam grande influência, como a primeira edição dos epigramas satíricos de Marcial (1501), que influenciaram autores como Gregório de Matos, Bocage e Paulo Leminski, o tratado do geógrafo romano Pompônio Mela, ampliado e comentado pelo historiador Caio Júlio Solino (1522/1538), referência para o desenvolvimento da geografia moderna, além da correspondência entre Filipe Melâncton e Martinho Lutero (1565), que detalha os acontecimentos que levariam à Reforma Protestante do século XVI.

Finalmente, serão apresentados dois volumes do grande Atlas de Blaeu de 1655, destacando as diferenças na forma de registrar países da Europa em relação às regiões da América, África e Ásia, junto com cinco relatos de navegadores e viajantes, incluindo as obras de André Thevet (1561), Ulrich Schmidel (1599), Linschoten (1619), Pierre Moreau (1651) e Montanus (1671). Esses primeiros registros do Novo Mundo têm muito a revelar em sua iconografia e na descrição distorcida dos povos originários, que ainda influenciam nosso pensamento. A exposição contará, ainda, com uma projeção de vídeo contendo imagens variadas de cada livro e trechos selecionados de seu texto.

Exposição: A palavra impressa, 1492 – 1671: Livros raros da Biblioteca Ema Klabin
15 de julho a 15 de outubro de 2023
Visitação livre: quarta a domingo, das 11h às 17h, com permanência até às 18h
Visitas mediadas: quarta, quinta e sexta às 11h, 14h, 15h e 16h, sábado e domingo às 14h
Entrada franca*
Casa Museu Ema Klabin (Rua Portugal, 43 - Jardim Europa, São Paulo / SP)


(original: https://www.publishnews.com.br/materias/2023/07/18/exposicao-em-sao-paulo-mostra-pela-primeira-vez-raridades-da-biblioteca-ema-klabin)